SIM HA UM SEGREDO NA TAP AS HOSPEDEIRAS TEM ORDENADO BASE O GRANDE ORDENADOS ESTA NOS SUBSIDIOS AO NAO TRABVALHAREM GANHAM POUCO
SALARIOS TAP FUNCIONARIOS PUBLICOS EMPRESA DO ESTADO
Bons empregos é na TAP
Domingo, 13.10.13
Uma coisa é ser assistente de bordo numa companhia aérea; outra é sê-lo na TAP, algo que já tem um estatuto lendário na aviação comercial mundial. Salários colossais, regalias e períodos de descanso sem fim, bem vindos ao regabofe TAP!
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Salários dos comissários e assistentes de bordo TAP
A profissão de comissário ou assistente de bordo na TAP é provavelmente o emprego por conta de outrem mais bem pago de Portugal, face às habilitações literárias requeridas, que são basicamente o 12º ano de escolaridade (ah, sim, e têm que saber falar inglês e não podem ter tatuagens ou piercing visíveis quando fardados). E face às horas trabalhadas, que são muito poucas por comparação com as restantes profissões.
Este é o tipo de informação que o pessoal de cabine da TAP não está muito interessado que seja conhecido do público (apesar de a TAP ser uma empresa pública), mas vamos tentar perceber quais são os salários e quanto é que ganham.
Tanto quanto foi possível determinar, esta é a tabela salarial dos comissários e assistentes de bordo (só foi possível obter a de 2006, e não foi fácil, mas antes isto do que nada):
[Chave: CAB = Comissário / Assistente de Bordo; C/C = Chefe de cabine; S/C = Supervisor de cabine]
Para começar, temos o vencimento fixo que pode ir até dos 570€ aos 2.455€ por mês. Mas isto é só o vencimento fixo! Há depois uma miríade de "miminhos" que ainda é preciso somar a este valor. Vejamos:
Por cada dia em que voe, sem prejuízo de outros extras e subsídios, o tripulante recebe um valor "Per Diem" de cerca de 70€.
Se não voar, por não ser escalado, recebe em alternativa, por dia, uma "Prestação retributiva especial" de 3,5% do vencimento fixo (de 19,95€ a 85,93€). No mínimo, são sempre garantidos 15 dias desta prestação por mês, mesmo que se por alguma razão o tripulante não voasse nenhum dia. Estaria mesmo assim garantido um acrécimo de 3,5% x 15 dias, ou seja, mais 52,5% do vencimento fixo mensal.
Mas há mais! Mais do que ganhar bom dinheiro e viajar, o que estes nossos amigos gostam mesmo é de descansar muito e ter muito tempo livre (descanso, folga, assistência, you name it). Assim, foi estabelecido um plafond de 780 horas por ano para ter direito a estes valores. Como um ano tem 52 semanas, 780 horas / 52 = 15 horas por semana. Para receber o salário, na TAP basta voar em média 15 horas por semana.
Então, um trabalhador normal no sector privado, trabalha 40 horas por semana, enquanto que na TAP, para receber estes salários bastante elevados, basta voar 15 horas por semana. Organizando bem as coisas, consegue-se voar isso em 2 ou, vá lá, 3 dias por semana. O resto pode depois ser passado no bem bom.
Ou então, se ultrapassarem o plafond e voarem mais de 15 horas por semana, recebem as horas extra-plafond pelo valor de 2,5% do vencimento fixo, que pode ir dos 14,25€ aos 61,38€/hora no topo da carreira.
Mas o melhor é o modo como estas são calculadas! 2,5 por cento do vencimento mensal? Importa-se de repetir?
Os trabalhadores do sector privado trabalham 40 horas por semana, o que dá uma média de 174 horas/mês (365/7x40/12). Se um mês de salário paga 174 horas, uma hora vale X = (salário mensal) / 174. Ou, em percentagem, 100 / 174 = 0,57% do salário.
Mas na TAP, se uma hora extra vale 2,5% do ordenado (versus 0,57%), isso significa que essa hora-extra na TAP é valorizada em mais do quádruplo (4,35 x) da hora dos trabalhadores do sector privado! E só têm que voar mais de 15 horas por semana para começar a ganhar a sério, a somar ao vencimento fixo e aos "Per Diem" ou Retribuições Especiais!
Façamos um exemplo: imaginemos que um tripulante (comissário/assistente de bordo) voa uma média de 25 horas por semana (15 plafond + 10 horas extra). Um mês tem em média 30,42 dias (365 / 12) e tem em média 4,34 semanas (30,42 / 7). O número médio de horas extra nesse mês é 43 (4,34 x 10). A 2,5% cada hora, temos 43 x 2,5% = 107%, ou seja, vai somar ao seu ordenado mais um ordenado em horas extra!
Claro que muitos optam por não trabalhar mais do que o mínimo obrigatório, e ficam com um muito bom salário e passam o resto do tempo na boa vai ela, mas sobre isso falaremos depois!
A isto ainda é necessário somar o "Per Diem" diário se voarem ou a Prestação Retributiva Especial diária (3,5% VF) se não voarem, ambos pagos com uma garantia mínima de 15 dias por mês. Com um "Per Diem" de 70€ garantido no mínimo em 15 dias, são 1.050€ a somar aos valores anteriores.
Façamos então um cálculo aproximado para um PNC com 43 horas extra por mês:
Para o nível intermédio da tabela salarial CAB V (valores ilíquidos):
Vencimento Fixo: 1.759€
Horas extra (43/mês): 1.890€
Per diem mín (15 dias): 1.050€
Total: 4.699€
Para o nível de topo da tabela salarial S/C III (valores ilíquidos):
Vencimento Fixo: 2.455€
Horas extra (43/mês): 2.639€
Per diem mín (15 dias): 1.050€
Total: 6.144€
Parece bom, não parece? Mas as prebendas dos PNC não ficam por aqui. Quando vão de férias, são 5 semanas (estão tão habituados a descansar que 22 dias iria parecer-lhes pouco), e além de dois vencimentos mensais (mês de férias mais subsídio de férias), recebem todos um miminho de 350€ para ajudar nas despesas das férias.
Isto para além de viagens grátis ou a preços simbólicos para eles, filhos, família, namorados e amigos.
Outras regalias na TAP
• Infantário 24 horas por dia e 365 dias por ano, para crianças dos quatro meses aos cinco anos de idade, para dar assistência aos tripulantes em deslocação
• Refeitório que serve cerca de 3200 refeições por dia, entre almoços, jantares e ceias
• Unidade de cuidados de saúde (nos dias úteis, até às 20h). Fora deste período é assegurada a prestação de assistência médica domiciliária e o aconselhamento médico via telefone, disponíveis 24 horas por dia
• Seguro de vida, com cobertura dos riscos de morte e invalidez total e permanente
• Complemento da pensão de reforma aos colaboradores admitidos até 31 de Maio de 1993, no quadro permanente. Os pilotos têm ainda um esquema especial de complemento de reforma para compensar a uniformização da idade de reforma aos 65 anos
• Cedência de lugares em voos com tarifas grátis ou com descontos especiais, condicionada à disponibilidade de lugares não vendidos
• Subsídio para material escolar atribuído aos filhos dos colaboradores em idade escolar
• Ginásio com condições especiais para todos os colaboradores, reformados, pré-reformados e seus familiares
• Plano de saúde com acesso a serviços médicos a uma taxa reduzida
• Apoio social e aconselhamento aos trabalhadores nas diversas situações do seu quotidiano
• Fundo de solidariedade para a concessão de empréstimos monetários reembolsáveis, em casos de carência
Mas eles sofrem muito, coitados. Queixam-se muito e estão sempre prontos para a greve. É por isso que agora enveredaram por uma espécie de greve de zelo em que decidem (quem decide é o/a chefe de cabine) que não há serviço de refeição para os passageiros (passageiros que compraram os bilhetes e que lhes pagam o ordenado), mas para os PNC há sempre comidinha, coitadinhos, ainda se lhes dava alguma fraqueza, e nós não íamos querer isso).
É por isso que tenho que concordar: há pessoas com uma vida muito difícil.
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por velociraptor às 22:39
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Segunda-feira, 07.10.13
A vida difícil dos tripulantes de cabine da TAP
Voar sem serviço de refeições a bordo tornou-se norma para os passageiros da TAP.
Por uma razão ou por outra, falta sempre um elemento do pessoal de cabine. Provavelmente, precisam de descansar. Mais um bocadinho.
Os aviões voam com a tripulação especificada pelas normas de segurança internacionais para cada aeronave, mas para o pessoal de cabine da TAP é pouco. Preferiam ter mais. Compreendo, dava menos trabalho a cada um. Estavam habituados e custa acordar para a nova realidade.
Quem ouve as suas queixas, exigências de melhores salários, mais tempo de descanso, até pensa que eles são uns explorados.
No entanto, chegou a altura de desmistificar isto.
Sabiam, por exemplo, que os tripulantes de cabine da TAP são dos mais bem pagos, quer por padrões europeus, quer por padrões dos EUA?
Que, segundo os dados do ICAO (o organismo das Nações Unidas dedicado ao transporte aéreo), relativos ao ano de 2008, os custos anuais médios per capita dos tripulantes de cabine da TAP (PNC) foram 71.792 USD?
E que, no caso da British Airways, esse valor é de 54.993 USD?
Ou seja, que os tripulantes de cabine da TAP recebem em média mais 30% que os da British Airways, a companhia de bandeira do Reino Unido? Compreende-se, Portugal é um país certamente mais rico que a Grã Bretanha, com um nível de vida mais alto, e portanto os salários deverão reflectir esse factor, não vamos querer que os nossos PNC passem fome.
Mas não fica por aqui. Os tripulantes de cabina da Virgin Atlantic (que não é propriamente uma low cost) representam um custo de 27,074 USD. Ou seja, os PNC da TAP custam 2,65 vezes mais que os da Virgin.
E se comparamos com a British Midland, uma companhia inglesa dedicada principalmente ao mercado doméstico, os valores são 21.676 USD, ou seja, os tripulantes da TAP custam 3,3 vezes mais. Leram bem, é mais do triplo, senhores!
Como é que é possível tamanho regabofe salarial?
Nos próximos posts vamos tentar conhecer melhor a realidade salarial da TAP (não vai ser fácil, pois esta é uma matéria sobre a qual há um certo secretismo), e perceber como os sindicatos ainda estão convencidos que vivem nos anos 1970 em pleno delírio pós-revolucionário.
Vamos também perceber quantas horas de facto trabalham, e conhecer o maravilhoso mundo desta profissão.
Mas preparem-se desde já para uma conclusão que é certa. Há pessoas que têm uma vida muito difícil.
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